quinta-feira, 1 de abril de 2010

Quem Vai Ficar com Helena? (Continuação)

Para ler a primeira parte, CLIQUE AQUI.

Atenção: Esse texto é escrito sobre a visão de dois personagens que são identificados entre parênteses, como se fosse um título diferente.


(Ele)

Após ouvir aquela pequena - e irritante - informação, senti todo o sangue subindo pra cabeça. Idiota, estúpido, some daqui que ela já é minha!, pensei. Respirei fundo e olhei para Helena. Seu olhar estava confuso, parece que previa tudo que aconteceria em instantes naquele pequeno quarto branco apertado. 
- Ei meninos, - ela disse, forçando um sorriso - vocês não precisam brigar, certo? Eu tô ótima...
- Graças à mim! - o idiota respondeu, me desafiando com os olhos. 
Não consegui respondê-lo. Não consegui ter reação nenhuma, aliás. Me sentia um completo idiota, olhando o casal perfeito, cada segundo passado me fazendo sentir um aperto maior no coração. Perdê-la seria o fim. O fim de muitos planos traçados por mim mesmo, sem que ela sequer soubesse. Planos de nos casarmos, de sermos felizes o resto de nossas vidas, de termos filhos, de sermos só nossos. Planos que eu já deveria ter exposto. Mas eu sempre banquei o machão, o cara que não sente nada por ninguém, o grosso, o mal educado, o estúpido de verdade. Nunca me importei muito em mostrar meu verdadeiro eu pra ela, mas alguma coisa me dizia que ela o conhecia e que era só por causa desse pequeno detalhe que ainda estava comigo. Ela era incrível. E eu estava agora, de mãos atadas, vendo o amor da minha vida trocando sorrisos com um completo estranho. Lágrimas começavam a querer saltar dos meus olhos pequenos, mas eu não deixaria com que isso acontecesse. 
- Hm, Helena? - tentei falar, disfarçando na voz toda a dor que queria pular pra fora. 
Ela me olhou. Me olhou como na primeira vez em que nos vimos: seus olhos serenos e negros, profundos, intensamente enigmáticos e sorridentes. Olhos pelos quais perdi minha noção de caminho. Olhos que decidi querer ver a vida toda.
- Você não se importa se eu for lá embaixo, né? Eu deixei o carro parado de qualquer jeito e vou acabar levando uma multa... - Era mentira. Eu só queria descer para não chorar ali na frente dos dois. 
- É claro que não, - ela respondeu - mas volte, ok?
Recolhi minha insignificancia e saí pelo corredor branco. Lá embaixo a noite estava gelada, tinha gosto de solidão. Algumas gotas ainda insistiam em cair do céu e eu não me importava em sentir o gelado batendo em minha pele. 

(Ela)

Paulista falava sem parar, eu não o suportava mais. Em tudo ele se achava o melhor, todo o tempo falando de si mesmo, do que já conseguira na vida, do que queria e do que faria comigo. Fazia planos e tentava me convencer de que Andrew não era o melhor pra mim. Ele poderia ser egoísta e tudo mais, mas eu o amava. Completamente. 
- Então, o médico disse que você já vai ter alta! Mas vai precisar ficar de repouso em casa... Como somos vizinhos, pensei em passar algum tempo com você! O que você acha? - Paulista propôs. 
- Seria agradável sim, mas aposto que o Andrew poderá ficar comigo... 
- O Andrew nem liga pra você, ele foi até arrumar o carro lá embaixo! 
- Isso não vem ao caso. Eu preciso conversar com ele.
- Finalmente uma atitude correta, Helena! Tá na hora de dar um fora naquele imbecil e notar quem tá do seu lado, entende?
- Por que você não vai chama-lo?
- É pra já! 
Sentindo-se completamente útil, Paulista desceu atrás de Andrew. 
O barulho do relógio me mantinha acordada. Uma espécie de retrospectiva passou pela minha cabeça enquanto aquela maldita porta não se abria. Desde quando nos conhecemos até ontem, hoje, tudo. Cada tic tac do relógio me fazia notar o quanto eu gostava dele, o quanto - apesar e acima de qualquer coisa - eu ainda o queria por perto! 
A porta se abriu, me assustando. Um Andrew de olhos inchados me olhou, e vagarosamente, foi entrando pelo quarto. Sentou-se na beira da cama, enxugou os olhos enquanto fungava e me perguntou o que eu tanto queria. Não tive palavras. Não conseguia pensar em nada pra dizer, só o olhava. 
- Você vai terminar comigo, não é? - ele disse, cabisbaixo - Só me deixa dizer uma coisa, certo? É rápido, eu prometo... E não vai mudar sua decisão, eu acho. - eu assenti com a cabeça - Bom, - ele respirou fundo - eu começo me desculpando. Desculpe-me por ser um grosso às vezes, por beber demais e não te dar a devida atenção que você merece... Sei que tenho errado demais, cheguei a notar, mas eu não sabia como reparar isso! As coisas foram saindo do meu controle, como sempre, e quando tudo ficou completamente louco, eu notei que poderia te perder. Foi como se meu mundo tivesse desmoronado. Foi aí que o tal Paulista me ligou contando tudo... Eu entrei em pânico quando entrei aqui e encontrei vocês. Uma espécie de ciúmes, e até mesmo inveja, me tomou por completo. Senti um aperto no peito, lágrimas surgindo e o machão que existie em mim estava entrando em colapso. Tudo por sua causa, Helena. - ele enxugou novamente os olhos, as palavras pareciam mais difíceis de sair agora - Eu não sei o que vai ser de mim sem você, mas é notável que nós já demos o que tínhamos que dar. Eu estraguei tudo, como já se era de esperar... E agora eu tenho que arcar com as consequencias, né? Eu só quero vê-la feliz, farei o possível pra manter esse sorriso no seu rosto. Perto, longe, como você me quiser a partir de agora...
Silêncio. Sua mão suada e ossuda tocou a minha. Eu o amava com toda a força que podia ter e agora esse sentimento ficara mais forte. Depois de tudo, a única coisa que fiz foi beijá-lo, abraça-lo e dizer, com todas as letras, que nada estava perdido.

Fim

14 comentários:

  1. haha, que lindo o seu texto!
    sei não viu, essas suas histórias aida me matam:*

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  2. Ai que lindo, e o amor se fortaleceu mais ainda... é bom ter ciúme de vez em quando nos faz ver o quanto amamos aquela pessoa!

    ^^

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  3. Que lindao, Mariiis!
    Nada melhor do que um amor.
    Beijoos ;*

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  4. Adoro encontrar posts empenhados assim!

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  5. aaaaaaaaaaaaiii que lindo! Suas estórias são as melhores, ever!

    beijos, isa.

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  6. Nooossa! Como tudo mudou.. Amei isso! É tão lindo quando as pessoas percebem seus erros e se desculpam.. porque o amor não pode morrer!
    Parabéns pelo texto ;*

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  7. Aah o amor é surpreendente neh
    nem sempre o que parece óbvio é a verdade... eu jurava que ela ia pegar o paulista \o

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  8. Viajar é otimo, a gente relaxa, ne?!

    Eai, comeu muito chocolate?! rsrsrs

    Beeijos ;**

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  9. O ciúme é que é o problema. Não dá pra descuidar!
    Bjooo!!

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  10. Que lindo! Mariah deveria escrevr um livro. Sério, tem uma criatividade fora do sério"!

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  11. Mariah e seus contos que me deixam ansiosa.

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  12. Lindo demais...você virou o jogo,e me fez ter raiva do paulista..rsss

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Todo mundo merece um comentário legal :)