Por entre as gotas de água que molhavam o vidro do carro, a cidade e as pessoas passavam rápido. Nada parecia ser fixo; não prestava atenção em muita coisa. Simplesmente perdia seus pensamentos enquanto mais gotas se juntavam ali e escorregavam para fora de seu campo visual. Nada parecia fazer muito sentido, nada parecia ser muito exato. As coisas simplesmente aconteciam. A chuva fina caía nos ombros das pessoas que estavam ali para se molhar e quando o carro no qual era transportada parara no sinal, seus olhos se fixaram numa cena que mudara sua vida por completo.
A expressão dele não era a mais calma do mundo. Parecia preocupado. Não com a chuva que caía levemente sobre seus ombros, nem com o barulho que os ônibus faziam ao passar por eles. Mas com ela. Seu olhar queria protegê-la de tudo que pudesse acontecer naquele breve espaço de tempo. Ela não parecia se importar. Mantinha uma distância agradável dele e seu olhar era vazio. A garrafa de água que ela segurava parecia mais interessante do que qualquer coisa que ele tentava dizer. Ela fez menção de atravessar a rua, ele a segurou. A menina que observava tudo do carro quase pode ouvir um "Por favor, fique..." saindo de sua boca. Ela ficou, mas apenas fisicamente. Sua alma já estava do outro lado da rua. Ele começou a falar mais rápido, seus olhos suplicando pelos olhos dela; nada. Nada. Ela atravessou quando ele acabou desviando seu olhar por alguns segundos e completamente perplexo, ele a seguiu. Seguiu sem olhar para atravessar, seguiu sem pensar nas consequências. Apressou o passo para não ser atropelado por aquele imenso ônibus que cortou seu caminho ao mesmo tempo em que toda aquela pressa era para alcançá-la. O carro começava a mover-se quando a menina que observava tudo virou-se para trás para vê-lo correndo em direção à tal mocinha por quem ele parecia tão desesperado.
Os pensamentos em sua cabeça não paravam. Hipóteses do que aconteceria em seguida surgiram ao mesmo tempo em que ela gostaria de saber o desfecho da história. Sua vontade era de pedir para que seu pai retornasse, mas o destino não seria tão legal com ela. Provavelmente eles não estariam mais ali. Ela teria que imaginar sozinha. E isso não era difícil pra ela.
Continua escrevendo bem, essa tal de Mariah. (:
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