domingo, 16 de setembro de 2012

Baú de emoções

- Alô?
- Lucas!
- Débora?
- Acho que pelo visto você ainda não esqueceu da minha voz...
- Como você tá?
- Eu tô ótima, tava querendo falar com você...
- Bom, você ligou pro celular, então...
- Quer que eu vá logo direto ao assunto? Claro que sim, né? Até parece que eu não te conheço...
- Então...
- Certo - respirei fundo - Eu quero voltar.
- Mas, Débora...
- Tudo bem, Lucas, eu sei que se passaram uns 2 anos!
- 4 - ele disse, firme, forte e frio.
- Nossa, já se passaram 4 anos? - sorri, sem graça, agradecendo aos deuses divinos por não estar na frente dele agora - Desculpe minha ignorância, mas só agora caí na real... Sinto a tua falta, fui uma burra por ter te deixado escapar assim tão facilmente, por ter me envolvido com outros, ter te visto com outras, enfim... Eu só queria te dizer que eu te...
- Débora...
- Eu sei que você tá com outra, tá legal? Andei investigando. Mas o que sei, acima de tudo, é que eu ainda mexo com você... Não é possível que tudo que vivemos foi embora tão rapidamente!
- Foram 4 anos, Débora... 4 anos tentando ficar com você...
- Você não sente mais nada?
- Não.
- Mentira.
- Tá bom, talvez eu ainda goste um pouco de você, Débora. Mas não adianta mais. Nós poderíamos estar juntos há 4 anos e você não quis. Me deixou de lado, me rejeitou, me ignorou...
- Eu era tão imatura...
- Fico feliz que hoje você tenha consigo ver isso tudo e voltar atrás. Mas aca.. - e eu o interrompi, antes que ele mesmo estragasse tudo em segundos.
- Acabou o que, Lucas? Nós nunca nem mesmo começamos! Quando eu quis, você desistiu!
- Não, Débo..
- Sim, Lucas! Eu tô te ligando pra dizer que se agora você estiver disposto, eu largo tudo. Tudo. Pego minhas coisas e me mudo praí. Vamos viajar esse mundão, eu e você, como sempre sonhamos escondido...
- Eu nunca sonhei escondido!
- Eu quero você, Lucas. Eu preciso de você...
- Não precisa... Eu parei de confiar em você há um bom tempo...
- Mas dessa vez é diferente! Dessa vez é de verdade e eu posso dizer com todas as letras que eu te amo, Lucas, te amo com todo o meu ser. E eu não te amo só porque tô sozinha ou carente, eu te amo porque tô disposta a qualquer coisa pra ficar com você. A qualquer prova de amor. Lucas...
- Não é justo!
- É o nosso final feliz, Lucas...
- Não é, Débora. Nosso final feliz se foi há muito tempo. Caia na real.

Devastada, sentei e chorei. Chorei por minutos que foram maiores do eu, maiores do que meu mais precioso sentimento. Ele é a melhor parte de mim; a mais bonita. Talvez ele até seja a única parte de mim que valia a pena lutar. Mas eu fui leviana, fui mesquinha, fui eu mesma. Chegamos perto, é verdade. Não vou negar que ainda nos vejo sentados no quintal lá de casa, tomando um café, vendo nossos netos correndo pela grama macia e verde de novembro. Sinto seus macios dedos no meu cabelo, seus olhos castanhos intensos me olhando em completo transe apaixonado. E mesmo sabendo que isso nunca vai mais acontecer, sorrio. Sorrio porque sei que, mesmo estando com outros rapazes, é dele que vou me lembrar sempre. Agora dói, mas sei que toda essa dor se converterá num sentimento tão belo, tão puro, tão real... Com ele, aprendi a amar. Aprendi a dar valor ao que nunca tive e nunca terei. Aprendi que libertar também é amar, independente do quão doloroso isso pode soar.



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