quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Cotidiano Anormal

Incrível como me assusto com a variedade de pessoas nas ruas. Sábado de manhã, no salão, esperando a moça terminar com a última cliente para então chegar a minha vez. Não consegui ficar quieta, é claro, e fiquei observando o movimento na porta. Passou de tudo ali. Desde pessoas apressadas à pessoas a toa na rua. De pessoas sérias às palhaças, tímidas e extrovertidas, fortes e fracas, complexas e fáceis, tranquilas, nervosas, aflitas. Morenos, loiras, negros, ruivos, amarelas e coloridos. Vi de tudo um pouco, desde os mais bregas às mais moderninhas do bairro. Vi vários carros também, e vários apressados sem se preocupar com os carros que quase os pegavam. Vi gritaria, vi calmaria, vi penteados fora de moda, roupas de luxo e sorrisos aleatórios para uma menina sentada impaciente dentro de um salão de beleza, eu. Algumas vezes me perdia olhando lá para fora. De repente não reparava mais nada, só pensava. Pensava em como as pessoas me assistiam. Se pensavam como eu. Ou se simplesmente ignoravam tudo à volta delas. Talvez grande parte não se importasse com isso, talvez não tivessem nem tempo para isso. Mas ao mesmo tempo em que minha mente vagava ao longe, meus sentidos me faziam voltar à realidade. Um barulho muito alto, alguém muito apressado, uma buzina de um carro ou alguém gritando 'puta que pariu' porque quase foi atropelado.
Sem querer e sem saber, fixei meu olhar num garoto do outro lado da rua. Não muito bonito, também não muito feio. Não muito novo, talvez uns três anos mais velho do que eu, ou menos ainda. Alto, esquelético, moreno, branco como leite. Levei susto ao reparar que ele vinha olhando para mim e que, inesperadamente, entrara no salão. Não viera falar comigo, é claro, só viera perguntar alguma coisa sobre um celular. Mas ao parar e colocar as mãos na cintura, de um jeito delicado demais para ser masculino, eu percebi: ele era gay. Talvez não assumido, mas a forma como combinava a bermuda azul petróleo com a blusa bege deixava tudo na cara. Eu não percebera de imediato, mas é claro, não havia outra possibilidade. Ele era gay. Sua voz baixinha e delicada, seu sorriso suave e seu tique de impaciência ao descobrir que o celular não estava lá me clarearam mais ainda.
Não que eu tenha algum preconceito, longe disso. É só que achei engraçado o susto que levei, ainda mais porque eu pensara justamente sobre isso. Não sobre gays. Sobre o quanto as pessoas podem nos surpreender. Sobre os vários tipos de pessoas existentes numa pequena rua movimentada de Juiz de Fora. Afinal de contas, quem vê cara não vê coração.

16 comentários:

  1. Que lindo!
    Tem tanta gente no mundo, todas diferentes. Do nada começo a reparar também, e é super interessante.
    Adorei o post! *-*
    Beejos ;*

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  2. Haha, eu também já parei pra pensar nisso [!].. Então talvez você não fosse a única pensando nisso enquanto observava os outros, hauahae. Pelo menos não encontrei nenhum viado, haha.
    Gostei do texto, mari. :)

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  3. acho que a grande graça, realmente, está nas difereças. :)

    obs: comece a ler do primeiro post.

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  4. Muito chique!
    Clarice Lispector voltou!
    uahuahuhauha

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  5. Aah moça
    o Léo, meu amigo gay... quando o conhecí eu me apaixonei pelo cara daí descobrí que era gay e fiquei rindo de mim hahaha

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  6. ficou ótimo o teu texto. eu já tava com raiva de vir aqui e não ter att aheuhae aaah menina, é tanta gente nesse mundo..e é como disse a senhora rica que tava no salão semana passada: "são as energias, meu bem, que movimentam esse mundo" haueae

    beeeijos ;*

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  7. Incrível como as pessoas são únicas em si! bjO

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  8. quem vê cara não vê coração!
    perfeito seu post.
    as vezes é preciso parar e olhar ao redor as pessoas nãosão iguais, cada uma é unica e isso se faz a diferença e a necessidade de um e do outro.
    mt perfeito! amei seu jeito de escrever, se expressar.
    seguindo querida.
    bjs

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  9. Lembrei de "mais qume vê foto não vê coração" bláblá

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  10. legal, sou o limão azedo dos comentários... o texto fica indo e voltando demais, mas fora isso a ideia é boa

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  11. Eu achoq essa coisa de diferença é tão bom! *-* é bom reparar as pessoas!
    beijos

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  12. E são essas diferenças que fazem o mundo ser mais legal.

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  13. É vai assitir...pelas imagens que eu vi..o filme terá um visual incrível...

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  14. Do nada começo a reparar também [2] que existe todo o tipo de gente no mundo. Mas sem preconceitos, não importa se é gay, se é roxo, se é amarelo, se é negro, não importa!
    Né? Filosofei agora, aushauhsuahshuasuahsha!
    Ameei o textoo viu, beeijoo! :P

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  15. AHUSHAHSAUSHUAHSUAHSUAHSUAHSHAS
    o 'gay' no salão, essa foi boa o/

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Todo mundo merece um comentário legal :)