sexta-feira, 30 de abril de 2010

Rodolfo

Aos 10 anos, minha irmã ganhou um cachorro de pelúcia. Cachorro cuja aparência era digna de um de verdade. Mas a verdade é que ela nunca gostou muito dele. Talvez por ser muito grande ou por ter as patinhas muito duras, ele ficava lá, sozinho no quarto. Ninguém parecia ligar muito pra ele.
Alguns anos depois, compramos outro cachorro de verdade. Já tínhamos a But, uma vira lata sem vergonha que não gostava do pobre coitado do cachorro de pelúcia. Na realidade, ele era indiferente. Ficava ali, no chão, parado na dele e ela nem ligava. Mas com a chegada da Chininha, outra vira lata sem vergonha, as coisas mudaram. Chininha exercia uma certa paixão incontrolável pelo cachorro de pelúcia, apelidado carinhosamente de Rodolfo. Era só esquecermos dele que ela o pegava pela boca e o carregava direto pra casinha. A cena não poderia ser mais engraçada: imaginem uma basset, pequena, ágil e engraçadinha, carregando pela boca uma imitação de pastor alemão, estupendamente maior do que ela.
A correria pela casa atrás dela era mais engraçada ainda. Seu rosnado nos dizia, por favor, não o tirem de mim! e seu olhar demonstrava toda a vontade que sentia em destruí-lo. De longe, ela o observava, o secava, cada parte dela o implorava por algumas boas mordidas. Quando o tinha em mãos, ou melhor dizendo, boca, o mordia e o sacudia e se divertia. Era um amor nobre. Rodolfo nunca reclamava, Rodolfo nunca reclamaria, já que - só pra lembrar - o pobre coitado era de pelúcia.
Os dias foram se passando, as mordidas e correrias para salvá-lo das garras da Chininha também, e quando notamos, ela não via mais graça nele. Rodolfo ficava lá, sozinho. Assim como na sua chegada aqui em casa. Hoje ela se comporta como adulta: Rodolfo não passara de um amor de verão, de adolescente! Ela o olha com olhos nostálgicos, mas não o ama mais. Ela o iludira e se fora pra sempre.
Tirando as rápidas mordidas, entre uma ida ao quarto e depois à sala, por exemplo.

21 comentários:

  1. Que triste.... :(

    A história é linda, mas achei o final bem triste...

    De qualquer forma, amei!!
    bjos

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  2. Que história engraçada.
    A cachorra devia estar desesperada, talvez porque não havia nenhum outro cachorro na vizinhança.
    :)

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  3. Own que gracinhaaa
    cachorrins apaixonados é muito bunitin hihi

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  4. rsrsrsrs Sempre rio com suas histórias.

    Queria ter visto essas cenas com o Rodolfo.

    Bjs

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  5. Eu adorooo suas histórias, Mariah!
    Beijos

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  6. RODOOLFO UAHSUHASUHUHAS EURI
    a gnt fez ate um video, ne? =))

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  7. Haha, que fofoo!!
    Amei!*-*
    Beijos, queridaa!

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  8. ri demais *-*
    nunca imaginei uma historia de amor entre um cachorro de pelucia e uma cachorrinha de verdade *-*

    se cuida :*

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  9. gosto de como vc escreve suas histórias. acabam parecendo ficção. muito bom.
    fiquei com pena do pobre Rodolfo =/

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  10. oun, que lindinho! deve ter sido muito engraçado UASHAUHSAH

    gostei da comparação, beijinhos ;*

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  11. Gostei!!
    É, isso acontece com a gente também...
    Tristes fins para tristes "Rodolfos" da vida

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  12. "Rodolfo não passara de um amor de verão, de adolescente! "
    e olha o que Rodolfo virou

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  13. coitado do rodolfo D: ficou de lado....

    beijos!

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  14. adoro os seus textos, e esse Rodolfo representa muitas outras pessoas...

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  15. Adorei o texto !!!!!!!!!!!Fiquei c/ pena do Rodolf, agora esquecidoo !!!

    Bjs

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  16. Me diverti muito! Acho incrível o fato de você conseguir transformar coisas corriqueiras em ótimos textos. Beijo.

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  17. Muito fofo, amei! Obrigada pela visita e pode deixar nunca mais sumo..rsrsrs
    beijão

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Todo mundo merece um comentário legal :)