terça-feira, 29 de junho de 2010

O que ficou pra ser dito

Querida Luciana,

Desculpe-me. Não sei ao certo te dizer quando pensei nisso, mas posso afirmar que as consequências de meu ato passaram-se várias e várias vezes por essa mente que lhe escreve. Sempre gostei muito de sua mãe; mais até do que gosto de mim, ou até mesmo de vocês. Chega a ser doentio, eu sei. Ou talvez eu só saiba agora que já é tarde demais. Pensei em todas as soluções possíveis, mas nada me pareceu plausível. Não consigo suportar a ideia de não tê-la. Não consigo vê-la ao lado daquele homem que vocês chamam de padrasto. Sou só eu ou ele simplesmente não parece adequado? Vamos combinar, ele não é tanto quanto eu. Posso não ser o melhor de todos, posso não ser o mais presente, posso ser estúpido e sem limites na maioria das vezes, mas eu a amo. Muito mais do que qualquer idiota poderá sequer tentar amar! Desculpe-me de novo. Sempre me excedo quando o assunto é sua mãe.
Sua mãe. Não acredito no que fiz! Como pude ser tão frio? Como pude tirar a vida da mulher que amo? Não sei o que fazer agora. Não tenho mais razão para viver! A polícia deve chegar a qualquer momento: os vizinhos escutaram a discussão. Por que ela não pôde ceder à mim? Por que não quis voltar a ser o que erámos? Estou com medo. Não consigo pensar direito. Nota meu nervosismo enquanto escrevo? Escuto passos. Não. Preciso pensar em alguma coisa. Agora.
Não tenho vontade de chorar. Isso é ser frio demais? Sinto-me um idiota pedindo conselhos à minha filha mais velha. Sinto-me um idiota fazendo isso. Sumirei da sua vida. Sumirei da vida de todos: matar-me-ei. Desculpe-me a formalidade, querida. É assim que fico quando não sei o que fazer. Extremamente formal. Sua mãe gostava disso. E é com ela que quero estar. Desculpe-me, Luciana. É hora de partir. Cuide de seu irmão. Perdoe-me. Perdoe-me.
Não me odeie, não me culpe, não me entenda mal. Pode parecer difícil enquanto você lê esse monte de palavras - que agora se tornam desculpas esfarrapadas para o que fiz - e apenas pensa no quão cruel fui. Não com sua mãe, mas com você e seu irmão. Eu amo vocês.
Perdoe-me.

Com todo o amor do mundo,

Reinaldo.

14 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. nossa :S
    apesar da história ser bem tensa, adoro o jeito que escreves! beijos

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  3. Uau!!
    História tensa, triste.. mas está linda!! =D


    Gostei do novo visu do blog!! Ficou muito lindo!!!

    bjos'

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  4. Então, a história é verídica....triste....sim. Não sabemos o que leva o amor a tirar a vida de quem se ama e em seguida a própria vida. Carma? Resagate? Força aos filhos que ficaram....

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  5. que saudades do seu blog ;/
    e o Brasil fora da copa hein ?

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  6. Saudade daqui, mas to de volta. As férias é muito bom.
    um pouco triste a história, mas ta maravilhoso.
    bjbj

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  7. nossa essa é realmente algo que nos leva a pensar em como as pessoas não pensam direito antes de fazer o que quer que seja! :S
    texto muito foda mariey '-'
    beijaaao ♥

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  8. Nasce uma escritora...como sempre arrasou. Amei demais, seu estilo de escrever é único. bjus

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  9. Como é que o marido mata a esposa, meu Deus!


    Muito bom o texto, menina vc escreve bem demais :D

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  10. Lindo, lindo e tocante. Amei! (:

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  11. OOi ' tem post novo no meu blog, passa lá depois ? ;*
    http://simples-garota.blogspot.com/
    Obrigada!

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  12. Essa carta se encaixa numa edição do Bloínquês, edição cartas!
    ;D
    Linds...
    Beijo.

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  13. chocante. profunda e chocante.
    mas no fundo adorei, pelo modo como os sentimentos foram escritos.
    sec uida :*

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Todo mundo merece um comentário legal :)